quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Cultura da Convergência, Inteligência Coletiva e Cultura Parcipativa


A convergência ocorre, de facto, “dentro do cérebro dos consumidores individuais e em suas interações com os outros.” A convergência acontece na confluência das fontes de informação junto dos seus utilizadores e na sua partilha depois de aditivada (ou não). As novas tecnologias permitem que essa informação flua por diversos canais tecnológicos e que os utilizadores a recebam de forma espartilhada, sendo eles os responsáveis, os decisores, pela ativação (ou não) da convergência da forma mais adequada às necessidades de contexto. Será uma forma de zapping constante ao fluxo de conteúdos provenientes das múltiplas plataformas mediáticas, procurando em pontos dispersos as fontes do saber - fruto da “inteligência coletiva” e da “cultura participativa -, o conhecimento convergente para alcançar determinado objetivo. No sentido inverso, como emissor/produtor, no colocar “de volta” a informação, as premissas são muito semelhantes, como nos diz Jenkins, os “consumidores estão aprendendo a utilizar as diferentes tecnologias para ter um controle mais completo sobre o fluxo dos mídia e para interagir com outros consumidores”. 

Assim, a inteligência coletiva surge e amplia-se dentro da própria ubiquidade da Rede da redes e nos novos media, onde a fragmentação da informação é uma realidade, mas talvez por isso mesmo, detentora de um enorme potencial para gerar conhecimento, se convenientemente interrogada e partilhada A essa pesquisa podemos chamar processo de agregação da inteligência coletiva, de convergência, em que os saberes de cada um, a inteligência individual depositada na Rede, pode resultar no conhecimento de que necessitávamos à priori, e até ser muito significativo em determinados contextos, à posteriori. De forma empírica é isso que fazemos quando colocamos informação num repositório web (blogs, redes sociais) ou quando utilizamos um motor de busca. Esta capacidade das comunidades virtuais promoverem de forma combinada o conhecimento entre os seus membros, sintetiza o argumento de Jenkins: “nenhum de nós pode saber tudo; cada um de nós sabe alguma coisa; e podemos juntar as peças, se associarmos nossos recursos e unirmos as nossas habilidades”. 

Esta agregação da informação é feita de forma autónoma, podendo constituir, por isso, uma “fonte alternativa” ao poder dos media, normalmente formatados dentro de um processo comunicacional complexo e inacessível à grande maioria dos seus utilizadores/consumidores/espatadores. Este comportamento ativo, “migratório”, contrasta com a atitude passiva dos espetadores/consumidores dos mass media tradicionais. Agora, os indivíduos conseguem interagir através da sua inteligência individual, suportados por um conjunto diversificado de regras e tecnologias, agregando e partilhando conhecimento, criando a inteligência coletiva. Esta convergência e partilha dos novos media, favorece a cultura participativa como um processo de mudança cultural, em que ao invés de os olhar separadamente, quem produz e quem consome, passamos a olhá-los como participantes no mesmo processo, interagindo, dialogando, mutuamente de acordo com os nossos interesses e necessidades, individuais e coletivos, “lutando pelo direito de participar plenamente na sua cultura”. Como demonstra Jenkis, as comunidades de fãs (ele também um fã assumido), foram “as primeiras a adotar e usar criativamente os mídia emergentes”, são um bom exemplo da cultura participativa. 

Jenkins, Henry. Cultura da convergência. São Paulo, Aleph, 2008.

Henry Jenkins (http://henryjenkins.org)